Se pensarmos pelo lado dos custos do ensino superior, vemos que não é nenhum absurdo o governo cubano ficar com parte da remuneração dos médicos, e perde sentido a proposta do PSDB de que o pagamento vá direto aos médicos (proposta do site do PSDB: http://www.psdb.org.br/nada-contra-o-mais-medicos-tudo-contra-corrupcao/)
Existem sim situações mundo afora (incluindo Brasil) em que os estudantes estudam de graça em universidades públicas e, depois de formados, não têm de pagar nada, mas infelizmente não é assim em todo lugar, e não acho apropriado exigir do governo cubano que seja assim.
Essa semana foi politicamente uma confusão! Domingo teve a marcha contra corrupção, Segunda o ministro do STF tira Renan da presidência do Senado, na Terça ficamos sabendo que Renan ia se recusar a sair (contrariando uma ordem judicial!) até a plenária do Supremo decidir, e na Quarta que os outros ministros não concordaram com o colega e resolveram que Renan pode continuar na presidência do Senado, só não pode assumir a presidência da República (que seria uma das atribuições do presidente do Senado, mas por outro lado, na 2°feira se interpretou que não pode ficar na linha sucessória um réu de corrupção, e por isso tinha sido expedida o afastamento). Aí na Quinta ficamos sabendo que Renan tirou a urgência da votação sobre abuso de autoridade de juízes e promotores, ficando evidente que ele estava dando um agrado ao judiciário em troca do judiciário ter votado pela permanência dele no cargo.
Esse tipo de confusão lembrou o saudoso filme do Henfil, "Tanga - deu no New York Times". O filme fala de Tanga, o país exportador do minério tangaína, e a grande confusão política do país. Henfil tira sarro tanto da direita quanto da esquerda nesse filme (para vocês terem uma ideia, tem um grupo guerrilheiro de esquerda, que ao invés de se chamar "Cendero Luminoso", se chama "Pentelho Luminoso"!)
No final, a esquerda fica com o poder, mas da seguinte forma: O ditador de Tanga lê o jornal sobre a queda dele, e resolve fugir, quando chega o vice, ele vê que o general fugiu e sorrindo, pega o jornal, achando que está no poder, mas ao virar a página, lê sobre sua queda também, se assusta, e também foge! Chega outro, vê a sala vazia, vê o jornal, sorri, também achando que agora o poder é dele, vira a página do jornal, que também fala da queda deste! E assim a coisa vai se repetindo. Enquanto isso, os grupos de esquerda estão pensando em se render (tem vários grupos, cada um com um nome, e compostos por uma só pessoa - tiração de sarro do Henfil quanto à falta de união das esquerdas), mas ao chegarem no palácio do governo, de mansinho e com bandeira branca de renidição, reparam que não tem ninguém e aí, aproveitando o vácuo é que chegam ao poder!!
Se vocês refletirem, há elementos na vida real que atestam a atualidade desse filme: se pensarmos bem, a própria vitória de Lula poderia ser uma repetição das outras vezes que ele disputou e perdeu, mas nas eleiçõẽs de 2002, a presidenciável Roseane Sarney foi envolvida num escândalo e foi assim, nesse vácuo que a candidatura de Lula cresceu até chegar a vitória. A mídia, tenta ditar o futuro, e pode ser que haja quem desista de prosseguir quando a mídia fala mal, tal como a cômica sucessão de generais em Tanga. A revista Veja então se adiantou e estampou na capa a queda do venezuelano Chavez, mas essa queda não se confirmou, e o que deveria ter sido furo de reportagem virou barriga jornalística (na verdade considero o episódio bem grave, é também confissão de culpa de que a Veja estava articulada com os que queriam derrubar o presidente de um país vizinho, e isso deveria ter passado por investigação!).
A política continua é muito atrapalhada: a queda de Dilma se deveu muito à birra de Cunha, que fez retaliação aos petistas que queriam que ele fosse investigado. Na presente Semana, estamos vendo que o avanço no combate à corrupção envolve as birras, jogos de poder envolvendo presidente do Senado, ministro do STF, promotor, partido de oposição, etc.
Bom, vou deixar vocês com esse trecho genial de Tanga, e fica o convite para vocês verem inteiro (basta procurar no Youtube) e fazerem outras reflexões!
Essa era para ter sido a postagem da semana passada, mas como houve o acidente com a Chapecoense, resolvemos não abordar o tema da morte (embora não seja o principal assunto dessa tira).
Todd Tomorrow (que concorreu a vereador em São Paulo) comenta que esses simpatizantes dos militares parecem ter sido usados para justificar essas restrições de acesso "já que uma porção de projetos impopulares devem ser votados no próximo
período, como a anistia ao caixa 2 e outras propostas, que eles chamam
de 'reformas'". https://www.facebook.com/todd50/videos/1322158787836594/?video_source=pages_finch_main_video
(interrompemos nossa programação pois tivemos uma ideia para comentar sobre as eleições municipais)
Essa crítica vale para outros candidatos empresários Brasil afora:
Tal como prometemos, vamos abordar a mistura de privatização com a política, mas essa história é mais longa que o planejado, então vamos começar do começo: 1998!
Uma explicação básica sobre o DRU você encontra em http://www.brasilpost.com.br/2016/06/08/o-que-e-a-dru_n_10365408.html
Nota: reparar que não estamos sendo "hipócritas" (como diriam alguns) dizendo que DRU era bom quando Dilma usava. Mas agora que DRU é 30% é realmente enorme!
O professor da Puc-sp, Pedro Fassoni Arruda postou no Facebook:
"Vocês já notaram que não saiu nenhuma pesquisa de opinião pública sobre o governo de Michel Temer?
Ele já assumiu o governo com baixa popularidade e legitimidade, e suas
primeiras medidas devem ter aumentado ainda mais a sua impopularidade.
Como não temos nenhuma pesquisa, vamos ver o que a população já pensava desse golpista antes de tomar posse:
Pesquisa feita pelo Instituto Vox Populi e divulgada pelo Jornal Valor
em abril apontava que Temer contava com 61% de avaliação negativa. http://www.valor.com.br/politica/4524159/temer-tem-avaliacao-negativa-de-61-diz-pesquisa-vox-populi
Ainda no mês de abril, o DataFolha apontava que 58% dos brasileiros
queriam também o impeachment de Temer (ao mesmo tempo em que o apoio ao
impeachment de Dilma perdia força).
O Ibope revelou, no final de
abril, que apenas 8% dos entrevistados viam Michel Temer como a "melhor
solução". E que 62% dos brasileiros não queriam a permanência de Michel
Temer, caso o impeachment fosse aprovado (esses 62% defendiam a tese de
novas eleições). http://www.bbc.com/portuguese/brasil/2016/05/160511_temer_rejeicao_lab http://brasil.elpais.com/brasil/2016/04/26/politica/1461624768_585115.html
Levantamento divulgado pelo Portal IG em 02 de
abril mostrava que, apesar do descontentamento com o governo Dilma, 56%
dos entrevistados era contra o impeachment. E que 83% não queriam Temer
na presidência. http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2016-04-02/56-sao-contra-impeachment-e-83-nao-querem-temer-na-presidencia-diz-pesquisa.html
Levantamento feito por um Jornal do Vale do
Paraíba (reduto conservador de São Paulo), no começo de maio, revela que
62% acreditam que o governo Temer será péssimo. http://www.brasil247.com/pt/247/poder/236004/Pesquisa-aponta-que-62-acham-que-governo-Temer-ser%C3%A1-%E2%80%9Cp%C3%A9ssimo%E2%80%9D.htm
Essas pesquisas
foram realizadas antes do afastamento de Dilma. As medidas adotadas por
Temer, e a formação de um governo cheio de corruptos e pessoas
investigadas pela Justiça nos dão a certeza de que a rejeição popular
vai aumentar ainda mais."
